Detesto futebol. Jogo bobo, um bando de gente correndo pra lá e pra cá, pouquíssimo resultado - o tão desejado gol - muita firula, quase nada de profissionalismo - "treinar pra quê?" - bem disse o Romário uma vez. Enfim um jogo mediano, jogado por jogadores medianos com salários estratosféricos porque, ao mesmo tempo em que é o menos profissional dos esportes, é o mais visto pelos brasileiros, ou seja, trata-se de um negócio pra lá de rentável para quem quer investir seu dinheiro.
Mas o que eu mais detesto nem é o futebol. São aqueles fanáticos e alucinados, que tratam jogo e jogadores como se fosse a oitava maravilha do mundo, os futemalas! Ai dos que não gostam de futebol! Sofremos! São gritos, buzinas, fogos, tiros, balas e Deus sabe o quê mais esse bando usa para azucrinar a vida de todo mundo. Não, isso definitivamente não é comemoração. Isso é guerra. E da pior forma. Sei que não são todos os torcedores, trata-se de uma parcela de baderneiros que consegue, sem muito esforço, acabar com o sossego e com a paz da gente. Mas eles conseguem, ah, conseguem!
Não sei exatamente o que leva um indivíduo a se juntar em bando e a comportarem-se todos da pior forma possível. Mas sei que, infelizmente, essa é a cara do Brasil. Falta cidadania, educação, respeito e sobra baderna, gritaria, zona, bebedeira. E não importa o time, tá? Estou ouvindo agora, quinze para uma da manhã o bando dos flamenguistas. Mas dias atrás teve o bando dos atleticanos seguido pelo bando dos cruzeirenses, enfim, não se trata de um comportamento particular, mas de atitudes generalizadas dessas pessoas desqualificadas, primárias, medíocres -sim, porque só uma pessoa medíocre perderia seu tempo soltando foguete, gritando feito louco e buzinando sem parar porque seu time ganhou. Vão trabalhar, futemalas!
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
domingo, 21 de julho de 2013
MOBILIDADE URBANA
Que o Brasil escolheu mal as
prioridades quanto ao tipo de transporte público que seriam ofertadas à
população ninguém duvida. Nada de trens ou metrôs avançados. O negócio aqui é o
busão mesmo. E pra quem é bacana, sobram os carros particulares e os táxis.
Em Belo Horizonte a situação se
agrava ainda mais. Andar de ônibus por aqui é uma aventura. Super lotação, calor
de matar, desconforto, motoristas grosseiros, portas se fechando em cima dos
passageiros – que aliás são transportados pior do que gado e por aí vai. Servicinho
da pior qualidade, estressante e caro. Não é a toa que as pessoas preferem se
apinhar em favelas e afins. Sendo mais próximo do trabalho, sofre-se menos.
Raciocínio lógico.
De carro particular também não é
moleza não. Obviamente é mais confortável do que andar de ônibus, mas o
trânsito está de matar, sem contar o preço dos combustíveis lá nas alturas. Coisa
para super-heróis mesmo.
Aí, para apimentar mais a coisa
sai uma reportagem no jornal Estado de Minas sobre os taxistas se recusando a
pegar passageiros por que entendem que a corrida é barata demais: http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2013/07/19/interna_gerais,425000/taxistas-recusam-corridas-curtas-em-bh.shtml.
Indignação total. Está lá na reportagem que se trata de uma prática abusiva,
contrária ao previsto no Regulamento do Serviço Público de Táxi da BHTrans, etc
e tal. Postura antiprofissional, claro, que só revela o despreparo de alguns
condutores para exercer esse tipo de trabalho, que, diga-se de passagem,
escolheram realizar. Mas mais do que isso, seria bom
que esses motoristas se informassem melhor sobre o que é uma corrida de baixo
valor. Belo Horizonte tem uma das bandeiradas mais caras do país, sem contar o
preço cobrado por quilômetro rodado. Uma corrida de 3 km no Rio de Janeiro, por
exemplo, sairia em torno de R$9,80 reais, ao passo que em Belo Horizonte essa
mesma corrida sairia em torno de R$11,30, ou seja, um valor 15% maior,
lembrando ainda, que o custo de vida na capital fluminense é maior do que em BH.
Mas acho mesmo que o buraco é
mais em baixo. O que será que acontece com os governantes e tomadores de
decisão mineiros? Terão sido eles também picados pela mosca alienígena de
Brasília? Queria que pelo menos um dia esse pessoal tivesse que acordar às
quatro da matina para pegar um ônibus lotado e imundo ou ficasse na Praça da Estação
sendo esculachado por motoristas de táxi sem escrúpulos só para ver o que é bom
para a tosse.
Mobilidade urbana no Brasil? Em
Belo Horizonte? Só para quem tem helicóptero!
sábado, 1 de junho de 2013
A empregada foi embora. E agora?
Sem choro, sem
vela, sem aviso prévio. Apenas uma mensagem dela no meu celular dizendo que ia
embora e que Deus me abençoasse. Simples assim. Depois de quase dois anos de
convivência, carteira assinadíssima, direitos em dia, salário mais do que
compatível com a categoria, horários super flexíveis, tolerâncias de todas as
naturezas. Até médico particular paguei assim como os medicamentos
prescritos... Isso de nada adiantou.
O fato é que desde
que minha filha nasceu, há quatro anos, vivo esse drama. E a história se repete
indefinidamente: a gente procura uma pessoa boa, de confiança, treina essa
pessoa, colabora com ela – sei que as tarefas domésticas são muitas -
valoriza-se o trabalho dela, afinal, a empregada ainda é considerada “o braço
direito da dona de casa”, ou não?
A realidade é que
não se encontra mais essa profissional e a cada dia que passa essa dificuldade
só aumenta. A nova PEC está aí para provar.
E agora, o que eu
faço já que fui abandonada mais uma vez? Vou ficar aqui chorando? Não. Não vou
mesmo. Decidi dar um basta nessa história.
E decidi que vou
arregaçar as mangas. Vou botar pra quebrar. Então é um tal de ler zilhões de
blogs na internet sobre vida sem empregada doméstica, até o Jornal da Pampulha
me caiu como uma luva hoje, com a matéria “O futuro já começou” http://www.otempo.com.br/pampulha/reportagem/o-futuro-j%C3%A1-come%C3%A7ou-1.655756.
Esse texto parece ter sido feito para mim!
E é isso mesmo:
pesquisadora doutora, pós-doutora e dona-de-casa com muito orgulho. Ou melhor:
dona da casa. E sabe que não é esse bicho de sete cabeças, não? Na verdade até
que é bem fácil e vou dizer o porquê. É porque, diferentemente da maioria das empregadas
domésticas, eu leio e sigo as recomendações dos rótulos dos produtos, eu
planejo e trabalho com organização e método. E não preciso gastar todo o tempo
do mundo fazendo faxina, passando roupa e cozinhando não senhor. As tarefas são
divididas e executadas ao longo da semana no tempo máximo de 40 a 50 minutos
diários. Ah, e os finais de semana são proibidos para o trabalho doméstico. Meu
marido participa de tudo, é claro. A minha filhinha também, na razoabilidade de
sua idade.
Sinto que
além de jogar para bem longe os aborrecimentos e frustrações com as empregadas
domésticas, essa nova etapa está unindo minha família. Mais do que isso. Ao
contrário de mim, que fui preparada para ser uma mulher com uma carreira de
sucesso, mas ao mesmo tempo totalmente perdida no que diz respeito às questões
práticas da vida doméstica, minha filha, sim, poderá se tornar uma pessoa com o
pacote completo e por isso mesmo, ser muito mais independente e feliz.
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013
Empregadas domésticas - o outro lado da moeda
Muito se fala nos direitos das
empregadas domésticas. É verdade que há uma dívida histórica com essas
trabalhadoras, já que muitas sofreram vários tipos de abusos por parte de seus
patrões, como por exemplo, baixos salários, carga horária excessiva sem direito
à folga, entre outras questões.
Ocorre que esse cenário vem
mudando muito ao longo dos anos. Os direitos trabalhistas já estão assegurados
e cada vez mais as empregadas domésticas se aproximam do mesmo patamar dos
demais trabalhadores brasileiros: carteira assinada, vale-transporte, INSS,
seguro-desemprego e, mais recentemente, a inscrição no FGTS, entre outros
benefícios.
Mas o que ninguém discute é como a relação entre a empregada doméstica e seus empregadores vem ocorrendo na prática ultimamente. Sabe-se que é quase impossível encontrar uma empregada doméstica, o que tem sido mostrado pelo próprio IBGE (para saber mais: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=2222&id_pagina=1). O resultado disso é que agora quem está se tornando o elo mais frágil da relação são os empregadores. E as exigências por parte delas não param: receber, no mínimo, dois salários sem descontos, estando, ainda, de fora a despesas com passagens, não trabalhar aos sábados, emendar os feriados e não ter propriamente uma carga horária de trabalho definida (pode até ter hora para entrar, mas querem liberdade para escolher a hora da saída).
Na minha experiência, já vivi
tudo isso. Já tive diarista que queria trabalhar no máximo 5 horas. Ora, não é
diarista? O que corresponde a um dia de trabalho? Não são 8 horas? Isso também
aconteceu com uma mensalista. Ela queria chegar às 9:30h da manhã e sair às
15:00h, com todos os benefícios que mencionei: dois salários sem desconto, etc,
etc. E o telefone celular que nunca pára?!
Outro ponto importante: acreditar
que o trabalho doméstico é fácil e que pode ser feito por qualquer um é um
grande erro. As empregadas domésticas executam diversas tarefas em que é
preciso qualificação: cozinhar, arrumar, limpar, passar. Para cada uma dessas
atividades, existem regras a serem cumpridas. Nas boas práticas de cozinha, por
exemplo, estão abolidos os cabelos soltos, unhas pintadas e bijouterias, pois nunca
devemos nos esquecer que os alimentos mal preparados são fonte de infecções. Já
quanto à limpeza é importante destacar que o manuseio incorreto de produtos
corrosivos, detergentes e abrasivos pode causar sérios danos à saúde, bem como
danificar pisos, superfícies, tecidos, etc. Já no cuidado com as roupas, vale
lembrar que o excesso de sabão em pó, por exemplo, além de ser um desperdício
em termos financeiros, estraga os tecidos. Enfim são muitos os detalhes e exigências
para que o trabalho doméstico seja executado de forma satisfatória.
E nesse quesito, como estão essas
trabalhadoras? Bem, a falta de qualificação é uma realidade dessas
profissionais, já que a maioria das trabalhadoras domésticas possui baixa ou
nenhuma escolaridade. Por mais que tenhamos paciência – e tenho muita, por
sinal – esbarramos nas dificuldades ENORMES delas de entender bilhetes e
orientações simples. Uma vez eu disse assim: não jogue água no chão do
banheiro, aqui eu não faço assim, tenho armários de madeira que estragam se
ficarem encharcados. No minuto em que virei as costas, só ouvi aquele barulhão
de aguaceira.
E aquela mãozinha tosca que
quebra até o inquebrável? Parece que elas estão indo para um campo de batalha e
não limpar um apartamento. Delicadeza, por favor!
Sabe aquelas suas panelas de
teflon novinhas caras, que comprou dividindo em cinco prestações? Então, elas
serão estragadas com uma semana de uso, por mais que você tenha explicado que
só se usa colher de plástico – que você também comprou para usar com as tais
panelas. E ferro de passar? Quantas vezes já comprou ferro de passar esse ano?
E aspirador de pó? O coitadinho nunca é limpo e é sempre desligado direto na
tomada (o mesmo acontece com o ferro de passar, claro!). Ler manuais e rótulos
pra quê? Não servem mesmo para nada!!!
Daí você tenta melhorar essa
situação toda, investe na formação delas, paga cursos, chama nutricionista em
casa, etc, etc. E pensando na motivação para o trabalho, estabelece que se ela ficar
um ano na sua casa vai pagar um plano de saúde para ela. E propõe, ainda, que
nos anos subsequentes vai pagar também os planos dos filhos dela. E assim vai
criando um plano de carreira, ainda que tenha lá suas limitações, para que assim
sua empregada doméstica se sinta valorizada e queira continuar com você.
E no final das contas, não é nada
disso o que acontece. Hoje não se pode contar com essas “profissionais”. Elas
adoram faltar às segundas-feiras, por exemplo. Mandam mensagens no nosso
celular dizendo “hoje não vai dar para ir”,
sem maiores explicações. Mesmo assim a gente tolera isso tudo, afinal, dependemos
delas para poder trabalhar também. E, muitas vezes, do nada, a empregada decide
pedir as contas e te fala na lata: “não
vai dar para continuar não, a partir de amanhã eu não venho mais”. Como
assim, nem aviso prévio você vai me dar?
Eu não entendo esse
comportamento. Elas não são profissionais? Elas não querem direitos iguais a
todos os demais trabalhadores? Se eu me comportasse desse jeito no meu local de
trabalho, eu não duraria uma semana, seria sumariamente demitida e com toda
razão. Mas as empregadas domésticas não pensam assim: o segredo inconfessável,
é que elas não acham que, de fato, estão fazendo um trabalho de verdade, mas sim
um favor para a “patroa”. E desse lado da moeda ninguém quer saber, não é?
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